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Impacto de mudança climática na Amazônia ainda é incerto

Editoria: Vininha F. Carvalho 16/06/2010

A interação do ecossistema amazônico com atmosfera precisa ser estudada com mais detalhes para se entender melhor os possíveis impactos das mudanças climáticas globais na biodiversidade da Amazônia.

A defesa foi feita na sexta-feira (28/5) pelo pesquisador e gerente executivo do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera (LBA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), Antonio Manzi, durante a 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI).

Manzi foi um dos palestrantes da sessão de debates sobre mudanças climáticas no evento realizado em Brasília. Segundo o pesquisador, o aquecimento global já é percebido na floresta amazônica, mas seus impactos ainda não podem ser descritos com clareza.

“O aquecimento na floresta já é observado, mas os efeitos não podem ser descritos de forma precisa. Eventualmente o aumento da temperatura, mesmo pequeno, pode sim estar afetando, por exemplo, microorganismos, pois eles têm forte interação com outros organismos do ecossistema. Como não monitoramos isso de forma sistemática não dá para confirmar essa hipótese”, argumenta Manzi.

O pesquisador defende a criação de uma rede de monitoramento padronizada que acompanhe e analise constantemente a resposta do ecossistema da Amazônia à variação das condições climáticas, apoiada por um conjunto de laboratórios certificados para análises de solos, plantas, gases, água e ecofisiologia vegetal.

Conforme Manzi, outra maneira de avaliar as variações do clima para descobrir possíveis impactos do aquecimento é reconstruindo o comportamento ambiental da floresta nos últimos séculos. Isso pode ser feito por meio do estudo dos anéis de crescimento das árvores, método denominado de dendrocronologia.

O método, segundo o pesquisador, é necessário devido a rede de observações climatológicas instalada na Amazônia ser esparsa e de curta duração.

“É preciso um maior esforço de pesquisa com o objetivo de reconstituir o clima dos últimos séculos. Esses dados são essenciais para identificarmos variações climáticas por prazos mais longos, de algumas décadas a séculos, que ocorrem na região e que podem estar associadas com grandes secas e cheias”, conta.

Com dados mais detalhados sobre as variações ambientais torna-se possível identificar com mais precisão a possível ligação entre eventos climáticos severos com o aquecimento do planeta.

“Nunca vamos conseguir separar com certeza as contribuições das mudanças climáticas globais da variabilidade natural do clima amazônico. Às vezes passam-se vinte anos com chuvas acima da média e depois mais vinte com chuvas em menor nível. Entretanto, saber se essas mudanças fazem parte do ciclo natural de variabilidade do clima é extremamente importante, inclusive para o planejamento governamental”, expõe.

Além de Manzi, a sessão sobre mudanças climáticas, ocorrida na 4ª CNCTI, contou com a participação do pesquisador Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Carlos Nobre; da professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Alice Marlene Grimm; e do professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz Pinguelli Rosa.