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A leishmaniose provoca controvérsias entre os veterinários

Editoria: Vininha F. Carvalho 27/08/2009

A Leishmaniose Visceral (LV) é uma doença infecciosa e originalmente uma zoonose que afeta animais e o homem. Tem como agentes causais espécies de protozoários do gênero Leishmania (ordem Kinetoplastidae, família Trypanosomatidae) dependendo da localização geográfica e, da mesma forma, tem como agentes transmissores diferentes espécies de insetos, denominados flebotomíneos, pertencentes à sub-família Phlebotominae, dos gêneros Phlebotomus sp e Lutzomyia sp.

No Brasil a doença, também chamada de leishmaniose visceral americana (LVA) ou calazar neo-tropical, é causada pela Leishmania chagasi e as espécies envolvidas com a transmissão são a Lutzomyia longipalpis, o principal vetor, e o L. cruzi.

Segundo Fernanda Malatesta, veterinária da Clinica Pro Animal, este protozoário é um parasita intracelular de macrófagos, uma célula do sistema imunológico do organismo.

“O inseto pica o hospedeiro e ingere uma forma de protozoário. No interior do inseto, esta forma se desenvolve, migrando para a proboscida (boca) do inseto que inocula em um novo hospedeiro, havendo um desenvolvimento de outro tipo de forma no interior dos macrófagos”, esclarece.

A Leishmania é a doença que causa muita polêmica e controvérsia, principalmente entre os veterinários. “Ainda mais, quando o assunto é o tratamento ou não de cães positivos. Existem aqueles veterinários cuja conduta é radical, ou seja, querem exterminar todo e qualquer cão cujo exame dê positivo, comenta a especialista".

De acordo com a veterinária o cão, após ser contaminado por um mosquito infectado, apresenta um período de incubação que varia de dois meses a seis anos. “O diagnóstico é realizado através de exame de sangue do cão e, também , através de esfregaços ou raspado de pele e biopsia de linfonodos ou de medula”.

Os sinais mais comuns da doença são problemas de pele e pêlo (dermatite seborréica, falta de pelo ao redor dos olhos, feridas na ponta das orelhas e na ponta do focinho), crescimento exagerado das unhas, emagrecimento, apatia, febre, sangramento nasal ou oral, problemas nos olhos, pode haver aumento do abdômen por causa do aumento de órgãos (baço e fígado)e problemas renais. No entanto mais da metade dos cães portadores não apresentam sinais.

Há uma série de procedimentos que podem ser seguidos, mas como regra geral, além das drogas utilizadas no tratamento, que são de alto custo, o animal deve ser clinicamente avaliado a cada dois meses, ou seja, seis consultas por ano e controle através de exames laboratoriais de três em três meses, o que significa quatro baterias de exame por ano.

O tratamento elimina os sintomas, mas o animal continua portador. “Muitos veterinários resistem inclusive a esclarecer ao proprietário a possibilidade de tratamento. No entanto, é necessário ter em mente que o tratamento não cura o cão, apenas aumenta o tempo de vida do animal, assim como, ameniza os sinais da doença, fazendo com que ele tenha uma qualidade de vida melhor. Mesmo aliando o tratamento aos cuidados para repelir mosquitos, há a possibilidade de transmissão”, destaca a veterinária.

Do ponto de vista da saúde pública, os cães infectados devem ser sacrificados, principalmente aqueles que possuem a visceral, além disto, incentivam um controle efetivo dos insetos causadores da doença.