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Lançada a cartilha de melhores práticas no manejo da pecuária bovina

Editoria: Vininha F. Carvalho 08/09/2006

A Fort Dodge Saúde Animal agrega a sua experiência na área de sanidade animal ao conhecimento da Unesp (Universidade Estadual Paulista) sobre manejo do gado no Brasil para lançar o Guia de Boas Práticas no Manejo. Em forma de manual e dividido em dez volumes, a publicação terá linguagem simples e de fácil entendimento para orientar desde o trabalhador de campo até o fazendeiro. É uma publicação para ser usada diariamente, no trabalho de campo.

Resultado de um trabalho iniciado há mais de dez anos com o objetivo de garantir o bem-estar dos bovinos e livrá-los de estresse, doenças e deformidades, o projeto contou com experiências em propriedades rurais que validaram procedimentos de manejo na pecuária nacional.

Mais do que teoria, trata-se de práticas que funcionam e foram comprovadas nas fazendas. Para facilitar o acesso do pecuarista aos manuais, o conteúdo de cada volume será disponibilizado para download pelos sites da Fort Dodge, Unesp e Funep (Fundação de Apoio a Pesquisa, Ensino e Extensão da Unesp), mediante cadastro prévio.

O primeiro volume, que está sendo lançado agora em todo o país, com tiragem inicial de 200 mil exemplares, traz dicas para o manejo de bezerros no nascimento e, entre outras coisas, explica como proteger o animal, que nasce totalmente sujeito a agentes infecciosos. O lançamento acontece em momento oportuno: a estação de nascimentos de bezerros começa em setembro e se estende até o final de outubro.

O professor de Etologia e Bem-Estar Animal da Unesp e doutor em Psicobiologia, Mateus Paranhos da Costa, explica que a condição para o bezerro adquirir imunidade está relacionada à agilidade com que o animal consegue dar a primeira mamada.

"Com o colostro da mãe, ele se protege contra agentes externos", disse. O problema, no entanto, está na interferência de alguns fatores como a temperatura do ambiente, inexperiência da vaca (as mães de primeira cria normalmente têm problemas), intervenção humana (que às vezes atrapalha ao invés de ajudar) e mesmo de agentes como cães e urubus, que podem atrasar a primeira mamada e até levar à morte do animal.

"Fomos a campo entender por que essa demora acontecia e listamos uma série de dicas que podem vir a reduzir a mortalidade de bezerros, que na maioria dos casos não é diagnosticada, apesar de bem expressiva", conta o professor.

Nas visitas de pesquisadores da Unesp e Fort Dodge às fazendas, foram registrados testemunhais de trabalhadores do campo que são destacados nos manuais ao lado de citações de pesquisas científicas que completam e fundamentam o projeto.

De acordo com o professor Paranhos, o princípio do projeto é compreender o animal como uma entidade biológica com a ajuda de um detalhado estudo do comportamento do gado durante o monitoramento do manejo. "A partir desse conhecimento, desenvolvemos estratégias de manejo e instalações que respeitam a natureza e condição dos bovinos. O foco é mudar aquela visão de que os animais são máquinas."

Entre os indicadores comportamentais observados na avaliação das condições de bem-estar do animal, está a baixa distância de fuga (distância mínima permitida pelo animal para a aproximação de humanos, comumente medida para avaliar o nível de medo dos bovinos), grau de agitação do gado e a freqüência de manejos agressivos.

Para a pecuária, o comprometimento do rebanho devido ao estresse pode resultar em redução nos índices de fertilidade, aumento da mortalidade de bezerros, queda no ganho de peso, elevação do número de contusões e doenças, queda na qualidade de carne e, conseqüentemente, prejuízos econômicos.

Ao longo dos anos, essa pesquisa, que era baseada apenas no bem-estar animal, ganhou desdobramentos e se estendeu para o bem-estar no ambiente das fazendas, após a constatação de que diversos fatores externos e atitudes dos trabalhadores do campo podem interferir positiva ou negativamente no conforto do animal.

Ao entender como o bovino se comporta perante o ser humano e perante uma instalação, os trabalhadores do campo poderão manejar o animal de forma que ele não fique com medo. Neste cenário, o objetivo final do projeto é cooperar para que as fazendas criem um ambiente harmonioso para o seu rebanho, o que vai resultar em uma carne de melhor qualidade.

De acordo com o gerente de produto da linha gado de corte da Fort Dodge, Cleber Silva, está comprovado que o estresse animal tem reflexo na textura e sabor da sua carne. "Para evitar prejuízos, precisamos assegurar que os animais não estão estressados."

Práticas que no passado eram comuns e atualmente estão quase extintas também foram resgatadas para a elaboração do manual. "É um resgate da cultura vaqueira que perdeu grandes práticas ao longo dos anos. Em Goiás, por exemplo, ainda se usa um sistema de instalação para apartação antigo que é muito melhor que os mais recentes e deve ser disseminado", conta o professor Mateus.

Em um segundo momento, quando todos os manuais já tiverem sido lançados, a idéia é unir os temas em um único livro, que será uma versão científica para um público mais técnico. Para isso, no entanto, a linguagem dos manuais será alterada e deverá ganhar um teor mais acadêmico.


PROCUR - Projeto Curral Fort Dodge

Antes de iniciar o projeto do Guia de Boas Práticas no Manejo, a Fort Dodge já atuava no campo com o programa PROCUR de capacitação de mão-de-obra, que consiste em treinar os trabalhadores de fazendas para que eles aprendam a lidar com medicamentos e aplicar vacinas.

A idéia, segundo Cleber Silva, é aproveitar o guia também como literatura básica para esse curso nas fazendas. "Também planejamos disponibilizar esses manuais para download pela internet, mediante cadastro prévio", disse.

Inscrito no Sistema Brasileiro de Cadastro Bibliográfico, o Guia de Boas Práticas no Manejo é uma edição da Funep (Fundação de Apoio a Pesquisa, Ensino e Extensão da Unesp). O segundo volume do Guia está previsto para ser lançado ainda em setembro.

Fonte: ADS Assessoria de Comunicações