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“Hospital” recupera aves em extinção

Editoria: Vininha F. Carvalho 05/08/2005

Ao som do apito, a águia voa em direção à treinadora. Ela observa atentamente os movimentos da ave em uma clareira situada em meio à floresta da Mata Atlântica. A atividade, criada para readaptar as espécies ao ambiente selvagem, passou a ser rotina na vida da argentina Silvia Elsegood, 47 anos. Ambientalista, ela deixou a profissão de analista de sistema e há 25 anos dedica-se aos animais.

Silvia coordena o Centro de Recuperação e Recria de Aves Ameaçadas Güirá-Oga, situado em Puerto Iguazú, Argentina, na fronteira com o Brasil, perto de Foz do Iguaçu (PR).

A organização, sem fins lucrativos, é uma espécie de hospital de aves. Lá chegam animais atropelados, feridos, apreendidos pela polícia ou doados pelos próprios donos.

Os bichos são submetidos a um tratamento veterinário e alimentados durante um período, para depois serem soltos na mata. As espécies acostumadas a viver em cativeiro ou que não se adaptam mais a selva por não conseguirem voar, permanecem no recanto e acabam tornando-se reprodutoras. Atualmente, há cerca de 150 animais no Güirá-Oga, a maioria ameaçada de extinção.

Ao contrário de outras espécies, as águias são submetidas a um tratamento diferenciado porque necessitam fortalecer a musculatura antes de voltar à mata.

Algumas ficam em treinamento por até três meses para conseguirem voltar a voar com segurança. Depois, são libertas no Parque Nacional do Iguazú, vizinho ao Parque Nacional do Iguaçu brasileiro, ou em parques estaduais argentinos.

A maioria das espécies animais tratadas no Güirá-Oga está ameaçada de extinção na Argentina. Na opinião de Silvia, a falta de mata nativa é o maior entrave. A ambientalista diz que atualmente restam apenas 40% de selva no estado de Misiones, onde está situada Puerto Iguazú.

O Güirá-Oga foi criado há nove anos. A área de 20 hectares foi doada pelo Ministério da Ecologia da Argentina. O atendimento veterinário é feito por voluntários e o centro arrecada recursos com a visita de turistas e o comércio de suvenires. Antes de se dedicar ao Güirá-Oga, Silvia e o marido treinavam gaviões para espantar aves em aeroportos do país, a fim de evitar acidentes.


Fonte: Denise Paro