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Pesquisa monitora população de Cágados Vermelhos na Reserva Adolpho Ducke em Manaus

Editoria: Vininha F. Carvalho 10/08/2012

A pesquisadora do projeto “Tartarugas da Amazônia – Conservando Para o Futuro”, Virgínia Bernardes, sob orientação do pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/MCTI) e coordenador do projeto, Richard Vogt, realiza na Reserva Florestal Adolpho Ducke (RFAD), na zona Leste de Manaus, monitoramento da espécie de tartaruga recorrente na Amazônia popularmente chamada de Perema Vermelha ou Cágado Vermelho (Rhinemys rufipes).

Esta espécie de tartaruga é encontrada somente em rios de água doce, e segundo Bernardes, possui um padrão característico de coloração vermelha na cabeça e nas patas, além de dimorfismo sexual, sendo que as fêmeas maiores adquirem uma coloração marrom na cabeça e membros. Sua distribuição conhecida inclui um número limitado de localidades em tributários no estado do Amazonas, indo do leste da Colômbia até Manaus, segundo revelam pesquisas anteriores.

A RFAD é uma reserva florestal de terra firme de 10 mil hectares, localizada dentro do perímetro urbano de Manaus. No entanto, a reserva vem sofrendo um processo de isolamento, devido à ocupação antrópica de áreas adjacentes, em consequência do acelerado crescimento urbano de Manaus. Na RFAD, a espécie é encontrada em todos os igarapés (quatro bacias de igarapé).

Bernardes destacou que em 20 anos de estudo com esses quelônios na Reserva Ducke, nunca foi encontrado um local em que estes fazem seus ninhos.

Alguns aspectos reprodutivos foram identificados em estudos anteriores, e relacionam o período de desova desta espécie à época chuvosa.

“É importante obter esses dados para entender esses aspectos da história natural da espécie”, explicou a pesquisadora.


Procedimentos:

Os animais foram capturados com uso de armadilhas do tipo funil com barreira entre elas (fyke nets) e armadilha de funil sem barreira (funnel trap). Essas armadilhas foram dispostas no corpo d’água perto da corrente principal evitando áreas com troncos caídos com mais ou menos 200 m de distancia entre elas, seguindo o curso do Igarapé, totalizando um trecho de 2,5 km do Igarapé do Bolívia.

Os funis foram abastecidos com iscas, de carne crua de frango mantida em um recipiente plástico com perfurações na última câmara. As armadilhas foram revisadas diariamente das 9h às 11h, entre os meses de maio e julho de 2012.

Esses meses são referentes ao período de chuva na região e época reprodutiva em que os indivíduos estão mais ativos, de acordo com Vogt, orientador do estudo.

“Mesmo sem isca as armadilhas funcionavam, portanto a isca apenas aumenta a chance de captura dos indivíduos, além da presença de uma barreira e os dois funis postos na posição de contra corrente e favor da corrente”, disse Bernardes.

Os indivíduos capturados foram medidos, pesados e marcados com furos nas escamas marginais da carapaça (casco), seguindo um código pré-estabelecido (Cagle, 1939) e, logo após a tomada dos dados e marcações, os animais foram liberados nos locais de captura.

Este ano as fêmeas com ovos foram levadas ao laboratório do Centro de Estudos de Quelônios da Amazônia (CEQUA) no mesmo dia para ser induzida a desova.

A indução, de acordo com a pesquisadora, ocorre com injeção de Ocitocina sintética na quantidade de 10 u.i. para cada quilo do indivíduo. Após a injeção as fêmeas são colocadas em recipientes grandes isoladas com água até que ocorra a desova.

“Esse procedimento foi realizado pelo médico veterinário. Os ovos são incubados com temperatura controlada para verificação do número exato de dias necessários de incubação para a espécie”, ressaltou Bernardes.

São amostrados 25 pontos ao longo do igarapé Bolívia dentro da RFAD. Com uso de 20 armadilhas, sendo nove fyke net e um funnel trap (tipos de armadilha funil).

“Foram capturados de maio a julho 17 indivíduos, sendo sete fêmeas, nove machos e um juvenil. Seis destes foram capturados pela primeira vez e os demais indivíduos são recapturas. Apenas uma das fêmeas não estava com ovos, três fêmeas foram levadas ao laboratório para desovarem para posterior incubação dos ovos”, pontuou.

O estudo foi desenvolvido em parceria com Gabriel Fonoff, da Universidade Federal de Alfenas; Peter Tornquist (Minnesota, EUA) e Romildo Augusto de Souza (bolsista PCI/ Inpa).

Fonte: Wallace Abreu