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O combate a dengue requer incentivo e orientação das autoridades responsáveis pela saúde em relação à limpeza pública.

Editoria: Vininha F. Carvalho 03/12/2010

Todos os anos, no final da primavera e início do verão, é comum ver as comunidades se organizarem para o combate ao mosquito da dengue, o Aedes aegypti, com incentivo e orientação das autoridades responsáveis pela saúde em relação à limpeza pública.

Durante o verão, a dengue está diariamente presente na mídia, com reportagens sobre os casos da doença e as ações dos governos federal, estaduais e municipais e com textos que procuram educar as pessoas sobre como combater o mosquito. Mas, se todos os anos são tomados cuidados, por que houve um aumento no número de casos de dengue?

De acordo com os últimos números do Ministério da Saúde, divulgados pelo jornal “O Estado de S.Paulo”, o número de casos de dengue no Estado de São Paulo subiu 1.983,5% de 2009 para este ano. Foram notificados 202.312 casos da doença de janeiro até o dia 16 de outubro passado, contra 9.710 em 2009.

Em todo o país, o número de casos notificados subiu de 489.819 para 936.260 no mesmo período - um aumento de 91,14%. Até o dia 16 de outubro, o número de óbitos provocados pela dengue chegou a 592, sendo 141 em São Paulo. No ano passado foram 312 no país.

Para o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, o cenário nacional deste ano é "tão preocupante" quanto o do ano passado.

O Ministério da Saúde diz que um dos motivos para o crescimento das notificações é a volta do sorotipo DEN-1, que circulou com grande intensidade na década de 90 e voltou a predominar em alguns estados no final de 2009. Há quem responsabilize as chuvas e o forte calor, fenômeno que no verão passado superou qualquer média de índices anteriores.

Obviamente, isso dificultou o trabalho dos governos junto à população, mas é forçoso reconhecer que as ações desenvolvidas pelas autoridades nos anos anteriores se mostraram insuficientes diante das condições climáticas adversas da temporada passada.

O combate eficaz contra a dengue exige muito esforço do poder público. É preciso ter agentes comunitários que se dirijam até as residências, analisem as áreas de perigo, expliquem por que as áreas são consideradas de risco e estejam à disposição para o esclarecimento de eventuais dúvidas. E isso somente não basta. É preciso que a administração pública dê o exemplo e não permita que lixos se acumulem pela cidade e que haja o cuidado de manter limpos os terrenos baldios.

Mas também é responsabilidade de cada um agir para aniquilar as possibilidades de procriação do mosquito. Afinal, é impossível ao poder público vigiar locais como os quintais das casas, as calhas, os vasos de plantas de todas as residências etc. Mas esse processo de conscientização também é trabalho do governo, seja através de campanhas públicas ou de ações pontuais nas escolas. É preciso educar a população.

Sabe-se que a limpeza pública ainda é ponto fraco do brasileiro. Também não é um serviço muito trabalhado pelos governos, a não ser pelas prefeituras do litoral, durante o verão. Porém, assim como a mãe fala a mesma coisa para o filho no processo de educação, quantas vezes forem necessárias, o governo deve falar constantemente para a população sobre os riscos da falta de limpeza. O cuidado constante com a limpeza pública evita ratos, baratas e outros animais que trazem doenças.

Em Santa Gertrudes, no interior de São Paulo, por exemplo, esse cuidado teve um resultado exemplar. Nenhum caso de dengue foi registrado no município no ano passado. Os dois notificados foram “importados”.

Para esse resultado contribuíram ações preventivas constantes. É feito um trabalho para que as pessoas entendam a importância de manter suas casas e a cidade limpas.

A prefeitura oferece caçambas de lixo, retira móveis, plantas e objetos velhos nas residências, faz a coleta do óleo de cozinha etc. E o poder público cobra da população atitudes que levem à limpeza urbana.

Há campanhas periódicas para educar as pessoas sobre os cuidados que se deve ter no dia-a-dia. São cuidados que muitas vezes passam despercebidos, como o simples fato de se colocar o lixo nas portas de casa somente no dia em que o lixeiro passa. Ou então, a conscientização de não jogar materiais nos terrenos baldios.

O resultado de todas essas ações pode ser expresso em uma única palavra: saúde. E com saúde não se brinca. É preciso levar o assunto a sério, porque é a vida de seres humanos que está em jogo.

Fonte: João Vitte é prefeito de Santa Gertrudes, localizada no interior de São Paulo.