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Giárdia é uma zoonose que vem crescendo significativamente nos últimos anos

Editoria: Vininha F. Carvalho 27/03/2009

A giardíase é uma zoonose causada pela Giardia spp, um protozoário que se hospeda no intestino de várias espécies de mamíferos. A doença é bastante comum em cães e gatos, animais silvestres e também pode ser transmitida aos seres humanos. O parasita interfere nos processos digestivos e atrapalha a absorção dos nutrientes, podendo causar diarréia, inflamações do intestino e desidratação.

A giardíase costuma se manifestar com maior gravidade em filhotes, nos animais com baixa de imunidade e naqueles que apresentam outros quadros infecciosos associados. Nos casos mais severos pode causar a morte do animal.

De acordo com o médico veterinário Cassiano de Castro, do Centro de Diagnósticos e Especialidades Veterinárias Provet, de São Paulo, a ocorrência da giardíase vem crescendo significativamente nos últimos anos, em especial entre os animais jovens e também entre as populações de rua, canis e gatis. Se o seu bicho de estimação passeia em vias públicas, parques ou praças, frequenta pet shops para banho e tosa ou costuma ficar em hotéis para animais, ele também está sujeito a adquirir a doença.

Vias de infecção:

O contágio se dá pela ingestão acidental dos cistos de giárdia que estão presentes nas fezes dos animais infectados. Os cistos contaminam não só o ambiente, como também a água, frutas, verduras e até mesmo objetos. Quando ingeridos, os cistos chegam ao intestino delgado e os protozoários aderem à superfície intestinal. Quanto maior a quantidade de parasitas, maior será a área da parede do intestino afetada, explica Castro.

Sintomas da doença:

Nem sempre há sinais clínicos da contaminação. Em animais adultos, a giardíase pode ser assintomática, condição que cria um ciclo contínuo de infecção. No entanto, alguns animais podem apresentar sintomas como diarréia com fezes aquosas ou pastosas de odor extremamente desagradável, vômito, debilidade, perda de peso e irritabilidade.

Mesmo que não apresentem sintomas, os animais infectados expelem a cada dia milhões de cistos juntamente com as fezes. Daí a importância de fazer exames periódicos para diagnosticar a doença e evitar que ela seja transmitida aos seres humanos e a outros animais.

Exames para diagnóstico:

A análise clínica das fezes para identificar a presença de cistos tem sido o método mais empregado no diagnóstico da giardíase. Porém, há períodos em que a eliminação dos cistos é interrompida, o que pode levar o exame a apresentar resultado falso negativo.

"Alguns estudos mostraram que apenas 70% dos cães positivos para giárdia têm a doença detectada com um único exame de fezes. Esse total sobe para 95% quando são realizados três exames", alerta Castro. Por essa razão, recomenda-se fazer três exames de fezes em dias consecutivos ou alternados e assim impedir o falso negativo.

Atualmente, o meio considerado mais seguro e eficiente para o diagnóstico da doença é o exame das fezes pelo método Elisa, realizado em todas as unidades do Provet. "Com um único exame, o método permite detectar em 99,9% dos casos a presença do antígeno produzido pelo parasita no organismo do animal, mesmo nos períodos em que não há eliminação dos cistos", destaca o médico veterinário.

Prevenção e tratamento:

Segundo Castro, a vacina contra a giardíase é especialmente recomendada para animais que vivem em grupos, como em canis e gatis. "É uma medida profilática que reduz a incidência, a severidade e a duração da fase de eliminação dos cistos", ele explica. Oferecer ao animal água fervida ou filtrada e promover as boas condições sanitárias dos locais em que ele vive ou frequenta também são medidas de grande importância para evitar a contaminação. O tratamento da giardíase é baseado em medicamentos prescritos pelo médico veterinário e na desinfecção do ambiente.

Higiene é fundamental:

Como são resistentes, os cistos de giárdia podem sobreviver fora do hospedeiro por longos períodos. Para evitar o ciclo contínuo de infecção, o tratamento deve ser acompanhado por rigorosa higienização do espaço onde vive o animal. Nunca jogue água diretamente sobre as fezes, pois isso só fará com que os cistos se espalhem ainda mais pelo ambiente.

O procedimento de limpeza ideal começa com a remoção das fezes com coletor próprio para essa finalidade e posterior lavagem do local com desinfetantes à base de amônia quaternária, que são atóxicos e eficientes na eliminação dos cistos. Deixe o desinfetante agir por cerca de 40 minutos antes de enxaguar.

Se o seu cachorro fizer cocô na rua, recolha as fezes com a ajuda de um coletor ou saquinho, preferencialmente de papel, que se decompõe mais facilmente no meio ambiente. Se todos sempre tiverem esse cuidado, as ruas ficarão mais limpas e os índices de contaminação por giárdia tenderão a cair.



Fonte: Talita Galli /Rodrigo Prada