Ave de Rapina
Onça
Cachorro
Cavalo
Gato
Arara

Floresta Nacional de Lorena representa um grande reservatório de Mata Atlântica,localizada entre a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira

Editoria: Vininha F. Carvalho 08/05/2009

Numa época em que se lamenta o desmatamento crescente, existe no interior de São Paulo um exemplo de reflorestamento de mata nativa que deu certo e que pouca gente conhece. Trata-se da Floresta Nacional de Lorena, um grande reservatório de Mata Atlântica, localizada entre a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira.

Campo de sementes nos anos 20, a área foi totalmente reflorestada com espécies nativas a partir da década de 1950. Com cerca de 250 hectares, o local possui trilhas, lago, viveiro de plantas, centenas de árvores, aves e animais que podem ser vistos livremente pela mata. De fácil acesso, a dez minutos da via Dutra, a Floresta Nacional pode ser visitada por trilheiros, turistas e escolas.

Para se ter uma idéia da magnitude do trabalho realizado pelos pesquisadores da Floresta Nacional, basta ver que em 1923 a mata simplesmente não existia. Ali era um campo de sementes, que eram distribuídas aos lavradores com o intuito de melhorar e intensificar a cultura de cereais e frutas.

O local era totalmente desmatado, numa área doada pela Prefeitura ao Ministério da Agricultura, distante cinco quilômetros da cidade, à margem da Estrada de Ferro Central do Brasil.

Para fazer o reflorestamento, foram plantadas ao longo dos anos, espécies nativas como angico, pau-jacaré, ingá, diversos tipos de ipês, pérola vegetal, mirindiba, paineira, pau-viola, jacarandá da Bahia, pau- brasil, jequitibá, pacova de macaco, palmito, quaresmeira, cedro e sapucaia, entre outras.

Animais como a cotia e a capivara foram importantes aliados da natureza, pois elas trouxeram novas espécies como o cambuí, carrapeta, pindaíba preta e angelim. Hoje, é possível ver cotias, capivaras, porco do mato, répteis, lagartos, cobras, micos e aves de várias espécies vivendo livremente pela Floresta Nacional.

“Foram plantadas espécies pioneiras, ou seja, as primeiras que nascem no descampado. Elas gostam de luz e germinam facilmente com a ação dos ventos, como a Imbaúba, pois suas sementes são leves”, explica o chefe da unidade da Floresta Nacional de Lorena, Vinicius G.Mattei.

Em seguida, vieram as secundárias que gostam de sombra, e depois as últimas, as Clímax, mais valorizadas. Elas nascem por último na sucessão, gostam de sombra, levam mais tempo para crescer e normalmente são exploradas como madeira de lei. Um exemplo é o pau-brasil, que demora de 40 a 50 anos para se desenvolver” explica Mattei.

“Para recompor a área, nós tentamos imitar a sucessão natural. Não podemos só plantar as pioneiras. As secundárias e as Clímax são fundamentais para o reflorestamento”, completa.

Nessa tentativa de imitar a natureza, a equipe pretende desenvolver novas técnicas, como a nucleação. Plantam-se núcleos (plantação de árvores mais próximas uma das outras) de pioneiras e depois são colocados puleiros de árvores, para atrair as aves. Adicionam-se pedaços de solo da floresta com sementes adormecidas de espécies nativas. As árvores são plantadas mais próximas umas às outras, para evitar a competição com as chamadas invasoras, como o capim.

Com os núcleos, se recompõe a mata ao máximo, pois as aves trazem sementes não só das grandes árvores, mas das espécies mais baixas e herbáceas. Por sua vez, os animais, como as cotias e capivaras, roem as sementes, quebrando a dormência delas, e as levam adiante, seja pelas fezes, seja “cuspindo”, facilitando assim a germinação.

A Floresta Nacional de Lorena também tem diversos tipos de mudas, num viveiro para experiências e reflorestamento, mas seus pesquisadores querem estimular a produção de sementes variadas de uma própria espécie.

“Existem tipos variados de pau-brasil, por exemplo, e é necessário que se faça o reflorestamento com tipos diferentes da mesma espécie. Precisamos ainda desenvolver tecnologia de pesquisa para reproduzir não apenas mudas nativas, mas sim as sementes e a diversidade dentro das espécies”, diz o chefe da Floresta,Vinicius G.Mattei.

A Floresta Nacional também tem como objetivo recuperar áreas degradadas, especialmente as públicas, de preservação permanente, que trazem mais serviços ambientais à comunidade, como beira de rios e mata ciliar, para preservar a qualidade da água.

Com a Prefeitura Municipal de Lorena, existe um projeto para recuperar a mata ciliar do rio Mandi e outro de monitoramento da qualidade e quantidade de água do Ribeirão dos Passos ou Caatinga, junto ao Instituto Oikos e o Inpe de Lorena, também financiado pelo FEHIDRO - Fundo Estadual de Recursos Hídricos, da Secretaria do Meio Ambiente.

Localização:

A Floresta Nacional de Lorena (SP), abrange uma área de 249,31 hectares. Está inserida no perímetro urbano da cidade, distanciando-se cerca de cinco quilômetros do centro urbano. Com fácil acesso pela via Dutra, fica a 180 km de São Paulo e a 220 km do Rio de Janeiro.





Fonte: Enderson Carvalho