Editoria: Vininha F. Carvalho 21/11/2008
No Brasil, diferentemente de regiões subtropicais como a Europa e alguns estados norte-americanos, as chamadas doenças de verão podem acometer os animais durante o ano inteiro, embora sejam mais freqüentes na primavera e no verão.
Nessas épocas de temperaturas elevadas, os animais ficam ainda mais sujeitos a doenças transmitidas por mosquitos e carrapatos. Entre elas estão dirofilariose, erliquiose e babesiose, doenças graves que podem até causar a morte do seu pet. No entanto, elas podem ser prevenidas e tratadas.
No caso de contaminação, o diagnóstico precoce irá garantir maiores chances de sucesso no tratamento e por isso é importante estar atento aos sintomas e mudanças de comportamento de seu animal.
Dirofilariose:
Também conhecida como “doença do verme do coração”, a dirofilariose canina é uma cardiopatia bastante grave causada pelo parasita Dirofilaria immitis, uma larva que termina de se desenvolver no organismo do cão, explica o médico veterinário Rogério Soila, do PROVET. Embora com menor freqüência, os gatos também podem ser contaminados pelo parasita.
Comum em regiões litorâneas e onde existam rios, lagos ou represas, a dirofilariose é transmitida por mosquitos (geralmente da espécie Culex pipiens) que passam a hospedar o parasita depois de picar animais já contaminados.
“A larva ocupa o espaço que deveria ser preenchido pelo sangue e dificulta o funcionamento do coração do animal, podendo causar insuficiência cardíaca. Um cão pode alojar dezenas dessas larvas no coração”, detalha Soila.
Depois que as larvas já se instalaram no órgão, surgem os sintomas da doença. Entre eles estão tosse crônica, cansaço, prostração, perda de apetite, língua arroxeada e dificuldades respiratórias, explica Soila.
A prevenção é a melhor proteção que você pode oferecer ao seu cão ou gato. Se o seu pet vai passar apenas uma temporada em região de risco, o ideal é que ele seja levado para consulta um mês antes da viagem. Assim, o médico veterinário poderá determinar o melhor esquema preventivo.
Já os animais que vivem em áreas endêmicas necessitam do preventivo todos os meses. "Porém, é importante fazer um exame de sangue para verificar se o animal já está contaminado antes de dar início às medidas de prevenção”, destaca Soila.
O diagnóstico é feito a partir de avaliação clínica e exames de sorologia ou pesquisa de microfilária no sangue. O médico veterinário poderá solicitar eletrocardiograma e ecocardiograma para avaliar os danos já causados ao coração. Nos casos mais avançados, podem ser necessários outros exames para verificar se as funções hepáticas e renais também foram comprometidas.
A cura da dirofilariose é possível, mas o tratamento é longo e requer acompanhamento freqüente do médico veterinário. Após a cura, o animal deve receber tratamento preventivo para evitar nova contaminação.
Erliquiose:
Mais conhecida como “doença do carrapato”, a erliquiose é uma infecção gravíssima transmitida por carrapatos contaminados por bactérias do gênero Ehrlichia. Várias espécies de carrapatos podem transmitir a doença, mas o principal vetor é o carrapato marrom do cão (Rhipicephalus sanguineus), facilmente encontrado em meios rurais e urbanos. O carrapato infecta-se ao ingerir o sangue de animais contaminados e posteriormente transmite a bactéria ao parasitar cães saudáveis e, mais raramente, os gatos.
De acordo com o médico veterinário Ricardo Lopes, do PROVET, a bactéria afeta as células brancas do sangue (leucócitos), causando danos profundos à saúde e podendo levar o animal à morte. Entre os problemas desencadeados estão anemia, petéquias, hemorragias, aumento do volume do baço, alterações neurológicas e de comportamento, insuficiência renal, perda de peso, inflamações oculares e baixa de imunidade, o que ainda expõe o organismo do seu pet a outras doenças.
Vários sintomas indicam que seu animal pode estar com erliquiose: perda de apetite, febre, tosse, vômitos, diarréia, hematomas, depressão e dificuldade para respirar. O diagnóstico exato é dado por exames sorológicos como o teste de Elisa ou o PCR (exame de DNA).
O tratamento é eficaz, sendo realizado a partir de medicações específicas, em acordo com o estágio em que a doença foi diagnosticada. Nas fases mais crônicas e na ausência de diagnóstico e tratamento o animal pode vir a óbito.
A prevenção é feita com a aplicação mensal de ectoparasitas, ou seja, medicamentos veterinários específicos que evitam infestação por carrapatos. “Se o seu pet já esteve infestado por carrapatos ou se apresentar qualquer um desses sintomas, é importante levá-lo imediatamente ao médico veterinário para uma consulta", alerta Lopes.
Babesiose:
A babesiose, ou piroplasmose, é outra doença transmitida por carrapatos. O principal vetor é novamente o carrapato marrom do cão, desta vez contaminado pelos protozoários do gênero Babesia, que parasitam as células vermelhas do sangue (hemácias) e causam anemia. Apesar de pouco comum, os gatos também pode ser infectados. Evitar a infestação por carrapatos, com a aplicação mensal de medicamentos ectoparasitas, é a maneira mais fácil e segura de prevenir essa doença.
Segundo Lopes, alguns animais podem viver com o protozoário no sangue sem ter nenhum sinal clínico aparente. “Mas a maioria apresenta sintomas como apatia, febre, fraqueza e anemia”, explica.
O diagnóstico é feito por meio de hemograma (exame de sangue) com pesquisa de hematozoários ou ainda sorologia através do PCR (exame de DNA). Do mesmo modo que na erliquiose, o tratamento da babesiose é eficaz e emprega medicações específicas, que variam conforme a fase da doença em que se fez o diagnóstico.
Após a cura, se o animal não receber o preventivo periodicamente e tiver contato com um carrapato infectado, poderá desenvolver a doença novamente. Por isso, a prevenção é fundamental. Animais que já tiveram infestação por carrapatos ou que apresentem qualquer um dos sintomas, devem ser levados imediatamente para uma consulta com seu médico veterinário.