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Combate á dengue precisa de mobilização popular

Editoria: Vininha F. Carvalho 11/04/2008

O superintendente de vigilância em saúde da secretaria de Saúde e Defesa Civil, Victor Augusto Louro Berbara, disse que o combate à epidemia da dengue será bem sucedido se houver associação de ações institucionais, promovidas em conjunto pelos governos municipais, estaduais e federal, com a mobilização da sociedade e a adoção de procedimentos que organizem a coleta de lixo e a eliminação de poças e reservatórios de água, nos quais os insetos se reproduzem.

Temos que estimular a mobilização social contra a dengue. A melhor forma de proteção coletiva é aquela que possa eliminar a possibilidade de ter o mosquito perto da gente. Precisamos derrubar paradigmas e estimular soluções mais participativas, porque a adoção de procedimentos individuais servirá como paliativo, mas não poderá eliminar os riscos de contaminação e disseminação do vírus da dengue.

O epidemiologista afirmou que a principal estratégia para sucesso no tratamento de doentes contaminados pelo vírus da dengue é a redução do tempo de espera desses pacientes nas unidades de saúde.

Já a estratégia de combate à transmissão da dengue tem como objetivo eliminar os focos de procriação do mosquito, os criadouros de Aedes aegypti, inseto responsável pela transmissão da epidemia que obrigou à internação hospital cerca de quatro mil pessoas, na rede de atendimento á saúde do estado, este ano.

Defensor do programa de atenção básica em saúde, Berbara disse que o controle de epidemias deve ser iniciado preventivamente com a aproximação dos profissionais de saúde às comunidades e aos seus problemas. Para isso, os municípios recebem verbas do Sistema Único de Saúde(SUS). Dessa maneira, haverá mudança de estratégia de combate ao vetor da dengue.

Vamos mudar estratégias, respeitando especificidades das comunidades e aumentando a cobertura de atenção básica. Dessa maneira, 80% dos casos são solucionados com tratamento doméstico e promoção de ações de educação e práticas preventivas.

A maneira como os governos vêm combatendo as epidemias nos últimos 15 anos tem se mostrado ineficiente, por falta da participação das comunidades. São programas verticalizados, nos quais as agentes visitam as residências colocam remédios nos focos de procriação de vetores, mas não conseguem educar a população para que ela mesmo se defenda da ocorrência de doenças.

As estimativas são de que essa epidemia da dengue, responsável, por cerca de quatro mil internações, em 2008, deverá persistir por mais dois meses, obrigando o governo do estado a manter em operação a estrutura de atendimento montada nos hospitais, Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24 Horas) e ainda 16 tendas de hidratação.

Mas, Berbara alerta que também há previsões de que nova epidemia de dengue se verificará no ano de 2009. Contudo, ressalta que parte da população estará protegida por já ter sido atacada por determinado tipo de vírus da dengue.

Nesse cenário, a capacidade de adaptação do mosquito da dengue é um complicador que burla cuidados promovidos individualmente. O Aedes aegypti se caracteriza por gostar de temperatura elevada e por voar baixo, numa altura de até um metro, percorrendo diariamente distâncias de 800 metros a um quilometro, em busca de alimento, ou seja, sangue humano, mordendo normalmente as pernas das pessoas.

Também poderá transmitir vírus dos tipos 1, 2 e 3. As pessoas contaminadas devem procurar atendimento médico aos primeiros sintomas de febre e mal estar para serem diagnosticadas e receberem o tratamento médico adequado.

O mosquito da dengue não zumbe. Mas um mesmo inseto pode atacar várias pessoas num só dia, preferindo agir pela manhã ou ao final da tarde, enquanto houver luz natural, entre 8h e 10h, e entre 17h e 18h. Essa picada não deixará marcas visíveis, a não ser em pessoas alérgicas.

À noite, o inseto se esconderá, mas o risco de atacar o ser humano persistirá sempre que ele sentir que esteja perto do sangue. É aconselhável que as pessoas se protejam usando roupas que cubram pernas e braços e eliminem poças de água e outros focos de mosquitos.

Os cientistas dizem que esse mosquito tem capacidade de se manter como espécie de várias formas. Por isso, uma fêmea deposita ovos em vários locais. São milhares de ovos depositados diariamente nas bordas de recipientes que contenham água para receber a larva que vive cinco ou seis dias e se transforma em mosquito adulto. Um ovo poderá durar até um ano e meio antes de eclodir.

Por isso, Berbara aconselha que reservatórios dágua, caixas de água e piscinas sejam limpos com sabão, detergente, sapólio ou cloro, sistematicamente, com escovação, até que se apague a marca da linha dágua onde as larvas se desenvolvem.

O mosquito da dengue não se desenvolve em água contaminada de esgoto, preferindo água considerada limpa e que se acumula em poços de elevadores, tampos de caixa dágua, calhas, poças d água, piscinas, potes, vasos, reservatórios, garrafas, latas, pneus velhos e lodo.

Segundo Berbara, o governo do estado intensificou as ações de combate à dengue no ano passado, quando os pesquisadores da secretaria da Saúde e Defesa Civil verificaram sinais de alerta com registro de 578 casos da doença e a observação de um índice de 3,7 do Lira (Levantamento de Índice Rápido de Infestação).

De 2007 para 2008, os casos de dengue notificados no estado subiram de 3.265 para 22.167. Por isso, o governo já contava com um Plano de Contingência, elaborado para enfrentar a epidemia que se apresentou com um grau de agressividade acima do previsto.

Se não estivéssemos de sobreaviso não teríamos instalado as tendas de hidratação nem tomado muitas providências que vêm reduzindo os efeitos da epidemia.

Os procedimentos adotados deverão ser vir para combater epidemias futuras no Estado do Rio e em outros estados brasileiros. As tendas de hidratação têm realizado 3,5 mil atendimentos diários, com oito mil exames de sangue feitos nos pacientes examinados a cada ciclo de seis horas de hidratação. Essa experiência será estudada servirá de base para combate de novas epidemias.

SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO ESTADO DO RJ

Fonte: Secretaria de Comunicação Social do Estado do RJ